sexta-feira, 19 de abril de 2013

O Grande Monstro



O Grande Monstro 
Por Matheus Vieira

Que todos nós temos nossos defeitos é fato. É certo que não existe ninguém perfeito. O que poucos sabem é que entre os defeitos, há sempre um defeito-chefe, quase um monstro, que fica escondido num lugar que Freud chamou de Inconsciente. Não temos acesso a ele. Ao menos não facilmente.

Como chefe, ele ordena de seu lugar protegido, para seus súditos nos importunarem no nosso cotidiano. Somos mais nervosos que o normal, mais estressados, mais ciumentos, mais falantes, mais mentirosos, mais arrogantes... Esses são defeitos menores que normalmente agem a mando do monstro. Combater os defeitos menores é como prender os bandidos pequenos e não o chefe da quadrilha - como combater o sintoma, e não a causa. 

Embora o defeito-chefe esteja protegido pelo inconsciente, ele muitas vezes dá o ar de sua graça, dando oportunidade para a pessoa lidar com ele. Enfrentando o grande monstro, os pequenos se dissipam. Dizendo assim, podemos pensar que seja fácil: ele aparece e o enfrentamos: problema resolvido!

Entretanto não é tão simples. Tenho percebido que, ao encontrar seu monstro as pessoas tendem a ter três tipos de reações.  Uma delas é a desistência. É como se a pessoa se rendesse ao seu defeito e dissesse: “ok, você venceu. Você é forte demais para eu combate-lo”. 

Felizmente esse pensamento derrotista não é tão comum entre as pessoas. Infelizmente o segundo tipo de reação é o que predomina na sociedade: a negação e anestesia. 

Como assim? Me explico. Diante do monstro, as pessoas viram o rosto para outro lado e se enganam de maneira que nem desistem do confronto, mas não o enfrentam. Nesse grupo de pessoas temos aqueles que recorrem às bebidas e drogas (casos clássicos) mas também aqueles que fogem do monstro dedicando-se integralmente ao trabalho ou a alguma atividade. É como se a pessoa dissesse: “não tenho tempo para entender e enfrentar o monstro, tenho outras coisas mais importantes para fazer”. O efeito anestésico é justamente esse: a dor ainda está lá, o monstro ainda está lá; mas busca-se artifícios para não se perceber aquilo que está incomodando.

Por último, e mais importante, está o grupo de pessoas que decidem enfrentar o monstro. Esse grupo é uma pequena e remota minoria. Elas sabem que o embate tende a ser difícil. Lidar com o monstro interior é lidar com o que há de pior dentro da gente mesmo. Todavia, essa é a maneira que existe para se tornar uma pessoa melhor. Uma vez que o monstro é parte da gente mesmo, não conseguimos “mata-lo” ou ”exorcizá-lo”, mas podemos fazer as pazes com ele, de maneira que ele não nos prejudique na vida.

Uma vez que o monstro não é mais assustador, ele não aciona mais seus capangas e assim, temos uma vida melhor, em paz com a gente mesmo!

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